jueves, 6 de marzo de 2008

"YOPARA"-Mezcla del Guarani con el Castellano-



Em Asunción o calor ainda estava pesado. Fomos recebidos numa república de militantes do P. MAS, um monte de meninos e meninas trabalhando nas ruas para dar inicio a vida institucional a um movimento nascido 10 anos atrás durante as manifestações estudantis.

A campanha política está por primeira vez no Paraguai, acesa, viva. O Partido Colorado e seus representantes são duramente questionados por uma sociedade cansada de uma democracia de fachada e corrupção como modo de funcionamento há 60 anos.

Em Asunción acompanhávamos nas filmagens as manifestações e o processo pre-eleitoral.

Também entrevistamos os Paraguaios nas ruas para tentar entender como sobreviveu a língua Guarani a proibição durante a colônia e durante a ditadura de Stroessner, e mais que nada ao preconceito de uma embranquecimento ocidental que via nela um atraso cultural.

Hoje o idioma Guarani continua sendo usado no cotidiano por uma 99.3 % de população que não é indígena (Paraguay conta com uns 2 ou 3 % da sua população indígena.

Conhecemos Julia, camponesa militante membro da CONAMURI, organização de mulheres indigenas e camponesas.
Ela nós convidaria para a casa dela no campo conhecer a realidade dos pequenos produtores, sua cultura e vivenciar de dentro o Paraguai rural.

Constatamos mais uma vez a proximidade geográfica entre os cultivos de soja que já tinham chegado no Paraguai (via os brasileiros e os argentinos) e as pequenas produções ameaçadas e contaminadas pelos agrotóxicos.

Indagamos as relacões entre as comunidades indigenas e os camponeses (na sua maioria mestiços) tão perto na luta pela terra e a identidade más ainda tão longe na consciência de pertencer a um mesmo povo.

Julia com a sua grande familia , mora em 2 casas bem humildes com marido filhos,filhas, netos e noras. Ela realiza um trabalho de levantamento das necessidades das familias componesas na sua área e também de articulação nas lutas do mundo rural, incluindo os guaranis, que estão cada vez mais encurralados dentro das terras pelo latifúndio agroindustrial.

Más que nada Julia nos deu uma lição de vida , por ser mulher, por ser mestiça, pela sua visão clara das formas de lutas desde a base, enfim por como ela recebeu a gente e compartilhou tudo com nós.

De volta na cidade de Asunción continuamos procurando a incidência da língua na visão do pais e da sua história. O que ficava claro era que as pessoas sabiam a razão do desastre histórico na história do Paraguai: A guerra da Triple Aliança.

Felix de Guarania, um dos maiores estudiosos da língua Guarani resumiu bem simplesmente a função da língua Guarani.

Ele disse: "A língua é uma ferramenta de luta"

É tão assim que os paraguaios falavam entre eles durante a guerra da Tripla Aliança em Guarani para que o inimigo não pudesse entender.

É tão assim que viríamos o embaixador dos EUA cantando em Guarani na televisão, e os nossos amigos paraguaios nós comentaram que os sem números de "corpos de paz" norte-americanos trabalhando no pais se formavam ao idioma guarani enquanto chegavam o que lhes-permitia uma infiltração rápida nas comunidades indígenas.
O Paraguai é cheio de ONG´s, que trabalham livremente, de muitas não se sabe muito bem o que elas fazem...

Do povo Indigena Guarani veríamos uma ilustração polarizada, dois caminhos bem antagônicos:

Na Cidade do leste, num baldio cercado de arame farpado, como um campo de concentração eles estão lá. Empurrados para as cidades por falta de que comer na comunidade, os adultos catando papelão, as crianças cheirando cola. Na entrevista eles nos dizem que ficam alí um tempo para juntar dinheiro na sucata e voltam para a comunidade...


Outro momento foi o Mitacarai, numa aldeia perto de Curuguaty.


Durante semanas a comunidade dança e canta com os pajés para chamar os espíritos. No ritual final cada criança recebe seu nome da floresta em guaranis. Eles são sonhados pelos xamanes durante a última cerimônia. Esses nomes são os nomes verdadeiros, a diferença dos nomes cristãs.


Essas palavras são a essência, a alma da pessoa.



Não adianta ficar falando aqui de um ritual , feito de cantos , luz de velas especialmente preparadas com sebos aromáticos , e uma lua cheia que iluminava a aldeia até que veio o eclipse iniciando a profetização.

Só penso em dizer que Tenka (sonidista) e Silvia (roteirista) foram escolhidas como madrinhas de duas crianças da aldeia.


O que fez que voltamos do Paraguai com uma nova familia lá. Crescemos um pouco estreitando vínculos familiares novos e inesperados.

A língua, a cultura, o processo histórico, a nação indígena Guarani, a peculariedade na identidade dessas terras e do seu povo serão então parte desse capitulo que filmamos no Paraguai.




Atravessando a fronteira da Cidade do leste entre o Paraguai e o Brasil , num fluxo incessante de homens e mercadorias , numa das artérias do continente finalizamos essa primeira etapa do projeto.

Paradigmático, esse movimento de produtos importados e de populações pobres carregando malotes.

Ouro , músculos tensos, vida humana em troca de plástico, tecnologia importada, produtos falsificados...

Comércio do subdesenvolvimento, matéria prima contra miçangas coloridas...que continua movendo as arterias do continente... caminhões carregados de soja que cruzamos durante toda a viagem nas estradas...



Estou no Rio, voltei ao trabalho, ainda conectado com essa rede de pessoas , de vivências , de lutas.
A viagem nos deu a ver que grande que é o continente, e quanta gente de todas as idades está convencida que na luta e nos sonhos, entre todos podemos mudar o rumo dessa história que alguns dizem que já está escrita.

Finalizamos essa primeira etapa de filmagens: Uruguai, Argentina, Paraguai.

25 horas de material em HDV por pais , uma hora de 16 mm. preto e branco.

Agora toca construir essas histórias através do audiovisual, e procurar parceiros para continuar essa viagem.

Quero agradecer aqui do fundo do coração todos os companheiros e companheiras que receberam a gente , eles são co produtores e co autores desses filmes.

O maior resultado dessa viagem quem sabe seja ter aberto os nossos horizontes, e deixado atrás de nós em todos esses lugares a idéia clara que estamos conectados, unidos, mesmo si as vezes não sabemos disso.

Quero agradecer a ONG Sambatá , o Guga e a Gi por ter ajudado nessa primeira etapa do projeto.

Quero agradecer a todos os amigos que acreditaram que tínhamos que dar inicio a essa viagem.

Valeu a pena, foi de muito prazer. Continuaremos.

Em breve encontrarão aqui os contatos de todas as organizações pelas quais passamos, acho uma informação relevante para articular as nossas redes colaborativas.

Entrem nos sites , escrevam para os outros companheiros, mesmo que seja para estabelecer um contato inicial, articulem ações, projetos.

A nossa luta não tem fronteiras, é interdisciplinar ela também atravessa o continente de par em par imprimindo o ritmo ao coração continente.

Quem quiser se comunicar com a gente aqui estão os nossos correios:

Silvia Martinez: silviape2001@yahoo.com
Tenka Dara: tenkadarap@yahoo.com.br
Miguel Vassy:miguelvassy@yahoo.com

Quem quiser participar do filme, está convidado, esse trabalho é coletivo precisamos ser mais.

Divulguem o blog para os amigos, é uma forma de manter contato com o continente.

Até breve,

un abrazo fuerte.

Miguel