domingo, 13 de enero de 2008

URUGUAY CONCLUSÕES E PERGUNTAS...





Grafitti contra a lei de caducidade



Estamos há poucas horas da viajem para Buenos Aires, hoje domingo acordei cansado e confuso.

Nesses dias de filmagem intensos entrevistamos várias gerações envolvidas ou não na historia da ditadura uruguaia e do cono sul.


Percorremos os batalhões a onde estariam enterrados dezenas de desaparecidos, visitamos as casas a onde funcionavam centros de torturas clandestinos.

Em todas as pessoas que encontramos sentimos o desejo de verdade, de debate em torno a esse período tão cruel.

O Uruguai reiniciou um debate sobre os desaparecidos, mas é um debate bastante surdo.
Sem interlocutores, sem dialogo estabelecido...

Governo que se movimenta lentamente quando se vê obrigado pela pressão da sociedade civil...

Meios de comunicação que não sabem como lidar com esses novos acontecimentos na sociedade: Incidentes violentos de manifestantes que interpelam os torturadores na frente das casas dos próprios, mães que não se resignam e chamam ao dia dos desaparecido a cada ano, uma justiça que recentemente deixou presos a dois ex presidentes de fato e vários responsaveis da ditadura por crimes econômicos, uma campanha de coleção de assinaturas para revogar a lei de "caducidade" votada ao sair da ditadura ou de "impunidade" como a chamam hoje os seus detratores.



Filmando na praia do cerro com a Krasnogorsk , russa 16 mm.


Uruguaios que conversam os assuntos em tom baixo, por enquanto.


Porém si se consegue as assinaturas para a anulação da lei de caducidade, aí sim provavelmente o debate subirá de volume.
Por outra parte, é possível que o Uruguai esteja ainda buscando a forma de enterrar definitivamente os desaparecidos com dignidade, fechar feridas.

Resta saber si como sociedade, estamos dispostos a estabelecer ou a restabelecer uma versão histórica aceitável pelas maiorias, e quais serão as vozes que vão compor essa versão?

Quem reescreverá a nossa historia?

Resta saber si como sociedade estamos capacitados para apreender a lição mais profunda dos desaparecidos e tudo o que eles simbolizam: A desmedida do terrorismo de Estado.

Como impedir os abusos dos órgãos repressores, herança dos métodos de repressão da ditadura, que tem como novo inimigo as novas gerações de jovens excluídos por um sistema socialmente e economicamente em crise.

Qual é a função desse aparato repressivo que não foi desarticulado e ainda goza de uma certa impunidade no seu funcionamento?

Enfim ainda resta descobrir prováveis acordos , leis de silencio entre os governos democráticos e os antigos repressores estabelecidos de forma secreta nos anos do retorno a democracia?


Isidro foi um marino, repressor, hoje ele cata lixo. Ele se exclama " Foi difìcil pensar que estava reprimindo meus irmãos..."


Novos rumos...

Daqui a pouco vamos para Argentina, um dos lideres em assassinatos durante a ditadura 30 000 pessoas.



Atos cometidos para permitir a implantação de um modelo político e econômico.



Argentina líder na implantação das políticas neoliberais durante os anos 90, onde hoje o modelo de produção agroindustrial de monocultivo de transgenicos é pioneiro na América Latina....

14 milhões de hectáres de soja transgênica....30 mil mortos?